segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Penso usar as Tecnologias de Informação e Comunicação em sala de aula? Porquê?


Atendendo ao facto de o mundo estar em constante mudança e de vivermos na era dos nativos digitais, onde as novas tecnologias têm utilização diária, devemos repensar a forma como se educa estas novas gerações, tendo em conta o diferente modo de comunicar, de aceder à informação e de a reter. Essa mudança deve partir principalmente da escola, pois devem ser recriadas práticas pedagógicas, sendo que tanto professores como o seio familiar têm um papel importante nessa preparação.
Segundo Castells (2006) “a escola não pode tratar esta geração do mesmo modo que tratou as anteriores” (Flores & Ramos, p. 197, 2016) e ao partilharmos da mesma opinião, consideramos que no futuro as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) devem ser introduzidas nas nossas práticas enquanto educadoras/professoras, visto que é um meio com elevadas potencialidades. Porém “(…) as TIC, em si mesmas, não são educativas, nem melhoram o ensino, mas dependem do modo como são utilizadas (…)” (Coutinho, 2017). Contudo, se utilizadas corretamente, alguns estudos revelarem que, quando um aluno apenas vê e ouve o docente, cerca de 30% da informação fica retida, enquanto durante uma interação 70% da informação é armazenada (Gonçalves A. , 2012). Por esta razão afirmamos, que as TIC podem constituir uma grande vantagem no processo de ensino-aprendizagem das crianças e jovens, podendo tornando as aulas mais dinâmicas, atraentes e motivadoras.
Todavia, as TIC constituem um grande desafio para o professor, que deve ser um facilitador da aprendizagem, um mediador e incentivador à pesquisa e construção de conhecimento. Para além disso, cabe aos docentes encontrar novas práticas pedagógicas que respondam não só aos interesses, características, possibilidades dos alunos e aos objetivos da aula, como também promovam o pensamento crítico, reflexivo e criativo. Ao aluno é igualmente atribuído um papel diferente do antigamente, passando a ser um sujeito ativo na construção do seu conhecimento. (Flores & Ramos, 2016) (Pocinho & Gaspar)
Com as novas tecnologias é possível quebrar barreiras entre o docente e os alunos sendo que podem constituir formas diferentes de interação e comunicação, como por exemplo, através de blogues e redes sociais. (Pocinho & Gaspar) As plataformas educacionais como a Plataforma Adaptativa de Matemática (PAM) ou a ScootPad e a criação de e-learning (modelos de ensino não presencial), são alguns exemplos de que as redes digitais permitem a partilha de grandes quantidades de informação num curto espaço de tempo proporcionando ao aluno um estudo autónomo. O Scrash é também uma ferramenta que pode ser utilizada pelo docente no ensino da matemática, através do computador, o que pode ajudar as crianças a ver o lado divertido e dinâmico desta área disciplinar e não um “bicho de sete cabeças” como é frequente.
Embora haja vantagens a nível educacional, existem problemas relacionados com o acesso aos recursos TIC, principalmente dentro do âmbito escolar, obstáculos esses que dizem respeito à falta de: tempo (a exploração das TIC leva algum tempo), formação, acessibilidade e apoio técnico (sites que não abrem, problemas no acesso à Internet e mau funcionamento dos computadores). Outro aspeto que deve ser tido em conta é o aspeto social do aluno, o que pode gerar diferentes possibilidade de adaptação às novas tecnologias. (Pocinho & Gaspar) É importante garantir o acesso às TIC tanto ao nível de casa como da escola. Se por um lado as TIC requerem uma grande aposta financeira inicial, a longo prazo pode trazer benefícios na medida em que os trabalhos deixam de ser obrigatoriamente impressos, podendo ser entregues através do computador a partir do moodle que, para além de ser uma plataforma de apoio à aprendizagem, se torna numa “reprografia” digital, o que ajuda igualmente a nível ambiental, existindo menor gasto de papel, até a nível da produção de manuais escolares.
Porém, as TIC têm também malefícios a nível de saúde, pois o excesso de tempo expostos ao longo do dia à frente dos ecrãs pode levar a problemas, principalmente ao nível da visão. Além disso, a utilização de computadores, tablets ou telemóveis na sala de aula pode causar algum tipo de distração aos alunos, visto que podem aproveitar o uso dessas tecnologias para outras atividades como jogos eletrónicos e redes sociais que podem influenciar negativamente o seu desempenho escolar.
No entanto, as vantagens da sua utilização não implicam prescindir das práticas tradicionais de ensino, tentando ao máximo conciliar ambos, (Gomes & Carvalho, 2008) até porque para esta nova geração o desafio na utilização das TIC não está na capacidade técnica, mas sim na capacidade da seleção de informação e no critério que utilizam para tal, ou seja, por outras palavras “A utilização da informática na aquisição e construção de conhecimento não se resume nem se esgota no saber como utilizar o computador”. (Pocinho & Gaspar, p.147) Para além disso, após estarem capacitados para pesquisar e procurar a informação, é imprescindível que saibam igualmente gerir e cruzar a informação recebida. Consequentemente é preciso ter desenvolvido um sentido crítico em relação ao que se lê, pois a nosso ver as tecnologias podem representar a maior ferramenta de manipulação.
A escola e seus profissionais tem como dever, desde o ensino do 1º ciclo, preparar um currículo de modo a assegurar aos alunos um futuro profissional competitivo desenvolvendo novas técnicas pedagógicas tendo em conta a alteração do processamento de informação, onde têm lugar as novas tecnologias de informação - computador e Internet – devendo estas ser uma ferramenta de apoio ao estudo e na realização de trabalhos escolares em todas as áreas curriculares. Hoje em dia, podemos constatar que a grande maioria dos trabalhos escolares são manuscritos, sendo que, quando os alunos iniciam o 2º e 3º ciclo de escolaridade, é exigido que saibam utilizar o editor de texto com alguma facilidade. (Gonçalves A. R., 2012) No entanto, somente no 3º ciclo é que a disciplina de TIC surge, no que não podemos concordar, pois deveria ser integrada na educação de forma transversal. Esta integração tardia das TIC no currículo pode levar a uma apreciação menos positiva do seu uso em sala de aula, pois pode gerar problemas de literacia digital devido à falta de instrução inicial por parte de alguns alunos. Neste sentido, o ensino primário é o mais desatualizado, pois as pedagogias educativas ainda se baseiam quase exclusivamente no uso de canetas, lápis e manuais para ensinar a ler, contar e escrever.
Apesar de em Portugal, no ano de 2007, ter sido aprovado o Plano Tecnológico para a Educação com a formação de projetos e leis legislativas, onde foram lançados para todos os níveis de ensino regular equipamentos como o computador “Magalhães” e os quadros interativos (Gonçalves A. , 2012), os docentes continuam reticentes à sua utilização. Esta pouca utilização das TIC no ensino poderá ser explicada com o facto de as mudanças tecnológicas levarem os docentes à reconstrução de todo o material de trabalho criado ao longo dos anos de carreira ou por ainda existirem docentes com falta de formação em relação às TIC, sendo esta crucial para ganharem confiança nesta área e consequentemente poderem inovar as suas práticas educativas que se querem satisfatórias para os alunos tanto a nível intelectual como emocional. (Flores & Ramos, 2016) (Gonçalves A. , 2012) Isto é, a seleção de recursos e estratégias a utilizar por parte do docente deve tornar “(…) o processo de ensino e aprendizagem num momento de prazer, onde o conhecimento é construído fluidamente e de modo articulado”. (Flores & Ramos, p.198, 2016)
Em suma, a integração das TIC no espaço educativo é um processo desafiante e nada simples, tendo em conta que requer trabalho e empenho principalmente por parte dos professores. No entanto, a internet vai estar sempre, e cada vez mais cedo, presente na vida dos alunos. Logo não devemos fugir ao inevitável, tendo em conta que começamos a lidar com uma “geração Net”, que possui uma identidade peculiar. O melhor é instruir, em vez de deixar usar de forma desacompanhada e desapoiada. Atualmente existe um número considerável de docentes a optar pela utilização das TIC em sala de aula, porém, segundo Flores & Ramos (2016) a utilização só por si não é representativo como um fator de mudança, porque na maioria das vezes as TIC não são corretamente introduzidas. A partir do momento em que as TIC são trabalhadas com o intuito de envolver os alunos, colocando-os em contacto direto com estas ferramentas, podem levar a aprendizagens significativas, tanto no ramo pedagógico como pessoal e social, “A maior parte das vezes é a facilidade e o prazer que geram no indivíduo empatia pela aprendizagem”. (Pocinho & Gaspar, p.150)

Referências Bibliográficas

Coutinho, M. d. (14 de outubro de 2017). As novas tecnologias e a educação – Implicações da sua utilização em contexto escolar. Obtido em outubro de 2018, de Observador: https://observador.pt/opiniao/as-novas-tecnologias-e-a-educacao-implicacoes-da-sua-utilizacao-em-contexto-escolar/?fbclid=IwAR1PMMEBQKL3J_Q5KT8yFMBFf5OqktJSL3ihMcsnyJLd7X_ww6dUIhKv8pA
Flores, P., & Ramos, A. (2016). Práticas com TIC potenciadoras de mudança. Em C. Eds. Mesquita, M. V. Pires, & R. P. Lopes, 1.º Encontro Internacional de Formação na Docência (INCTE): livro de atas (pp. 195-2003). Bragança: Instituto Politécnico de Bragança.
Gomes, T., & Carvalho, A. (2008). Jogos como Ferramenta Educativa: de que forma os jogos online podem trazer importantes contribuições para a aprendizagem. Em N. Zagalo, Actas da Conferência ZON (pp. 133-140). Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho. Obtido em outubro de 2018, de http://revistacomsoc.pt/index.php/zondgames08/article/view/351
Gonçalves, A. (2012). TIC no curriculo escolar. Em A. Gonçalves, O Papel das TIC na Escola, na Aprendizagem e na Educação (pp. 14-17). Lisboa: ISCTE-IUL. Obtido em 2018 de outubro, de https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/5146/1/O%20Papel%20das%20TIC%20na%20Escola%2C%20na%20Aprendizagem%20e%20na%20Educa%C3%A7%C3%A3o_AnaGoncalves_.pdf
Gonçalves, A. R. (2012). TIC na Educação. Em A. R. Gonçalves, O Papel das TIC na Escola, na Aprendizagem e na Educação (pp. 12-13). Lisboa: ISCTE-IUL. Obtido em outubro de 2018, de https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/5146/1/O%20Papel%20das%20TIC%20na%20Escola%2C%20na%20Aprendizagem%20e%20na%20Educa%C3%A7%C3%A3o_AnaGoncalves_.pdf
Oliveira, S. R. (22 de janeiro de 2018). TIC: mitos, desafios, passado e futuro. Obtido em outubro de 2018, de educare: https://www.educare.pt/noticias/noticia/ver/?id=119084&langid=1&fbclid=IwAR2MqtMmWNJi6b_sMrpZbEv16OsgjJfHk_T_qbL3RHTlvBEa1ung64MyY7
Pocinho, R., & Gaspar, J. (s.d.). O uso das TIC e as alterações no espaço educativo. EXEDRA REVISTA CIENTÍFICA, pp. 143-154. Obtido em outubro de 2018, de http://www.exedrajournal.com/docs/N6/09-Edu.pdf?fbclid=IwAR266IwfthmXfcdcwhEnll-xq_15hXs1hN0E4Hv7wdttSM11GtYxvE-_GkE

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